O governo brasileiro identificou uma oportunidade para impulsionar a economia: estimular a negociação de recebíveis de cartão para que empresas possam obter empréstimos mais baratos.
A partir da iniciativa do Banco Central do Brasil pela Circular nº 3.952 e da Resolução nº 4.734 do Conselho Monetário Nacional, foram estabelecidas as regras para criação do registro de recebíveis de arranjos de pagamentos. A nova obrigatoriedade passou a valer em 7 de junho de 2021 e determinou modificações importantes nas operações de crédito, tendo como principal objetivo dar maior liberdade às empresas para negociação dos seus recebíveis de cartão, além de garantir transparência para quem oferece crédito. Essas normativas possibilitaram o surgimento de uma nova entidade no ecossistema financeiro: as Registradoras de Recebíveis.
Para operar essa nova dinâmica, o Banco Central do Brasil autorizou quatro empresas a criar a infraestrutura para armazenar e processar registros de pagamentos na nuvem e fornecer os dados que vão evidenciar a saúde financeira de empresas perante os credores.
A TAG, uma subsidiária do provedor de soluções de tecnologia Stone Co., é uma das quatro empresas autorizadas. Com prazos apertados e SLAs de performance e disponibilidade rigorosos, a TAG desenvolveu a solução em MongoDB Atlas, permitindo que as empresas registrem transações pendentes em cartão de crédito. No dia em que lançou a plataforma, processou perfeitamente 20% dos recebíveis de cartão de crédito do país. Mais de um ano após o lançamento, a solução pioneira está processando milhões de solicitações por dia. O resultado é um setor comercial revigorado, com milhões de proprietários de pequenas e médias empresas desfrutando de acesso mais rápido a investimentos críticos para seus negócios.
As pequenas e médias empresas desempenham um papel vital na economia brasileira. O setor abrange mais de 56 milhões de empregos e foi responsável por 72% de todos os empregos criados no primeiro semestre de 2022. No entanto, não é isento de desafios.
O Banco Central do Brasil reconheceu a oportunidade de repensar o acesso ao financiamento para essas entidades. Ao alterar as regras que ditam a forma como as empresas têm acesso a empréstimos, poderá proporcionar um estímulo adicional à economia do país.
Anteriormente, se uma empresa contratasse um empréstimo em uma instituição, ela não conseguiria solicitar um segundo empréstimo de um credor diferente, impedindo-a de negociar, mesmo em caso de melhores ofertas e taxas de juros mais atrativas. Era possível usar apenas financiamentos bancários como garantia, o que não incluía pagamentos pendentes com cartão de crédito – valores que poderiam representar uma porcentagem significativa das receitas futuras da empresa.
Para facilitar a habilidade das empresas de adquirir empréstimos, o Banco Central lançou uma iniciativa para criar um registro central de contas a receber com cartão de crédito – ou seja, transações pendentes – para fornecer melhor visibilidade do verdadeiro fluxo de caixa da empresa. Além disso, queria acelerar o tempo de processamento do cartão de crédito de meses para dias de forma a garantir que os comerciantes pudessem receber antecipadamente quaisquer valores devidos.
Em 2019, a TAG foi uma das quatro empresas autorizadas para atuar como registradora e desenvolver uma solução para suportar uma massiva carga de 20% dos dados de recebíveis de cartão de crédito com uma data de go-live rígida. As registradoras atuam como intermediários entre comerciantes e instituições de crédito, recebendo dados de pagamento com permissão das empresas e disponibilizando relatórios relevantes ao credor.
"No novo modelo, as empresas podem usar os seus futuros recebíveis de cartão de crédito como garantia de seus empréstimos, o que torna o financiamento mais acessível e democrático", explica Felippe Ferreira, Head de Infraestrutura da TAG. "Nossa função era criar uma plataforma de recebíveis de cartões de crédito baseada em nuvem capaz de processar grandes volumes de dados de várias fontes, garantindo, ao mesmo tempo, segurança de alto nível, de acordo com os requisitos do Banco Central."
Além de tornar o financiamento mais acessível, as registradoras são responsáveis por garantir que as empresas não usem o mesmo conjunto de contas a receber para fazer vários empréstimos, criando transparência para proteger ambas as partes.
Com sua subsistência em jogo, a TAG precisava de uma plataforma altamente disponível que pudesse processar dados de até um milhão de varejistas rapidamente. A plataforma também precisaria ser dimensionada e elástica de acordo com a demanda durante os horários de pico e fornecer análises avançadas para acompanhar o desempenho e permitir a otimização contínua.
A TAG selecionou a Google Cloud Platform como provedor de cloud para seus ambientes MongoDB Atlas, uma plataforma de dados gerenciada de banco de dados que permite alta disponibilidade, escalabilidade e segurança.
"A equipe da MongoDB nos apoiou desde o primeiro dia. Além de oferecer alto desempenho, flexibilidade e recursos multi-nuvem, a MongoDB Atlas traz ótimas funcionalidades, como ferramentas de diagnóstico e recursos de abstração de infraestrutura", comentou Ygor Moretti, Responsável de Serviços em Nuvem da TAG. "Isso permite que minha equipe identifique e resolva rapidamente quaisquer problemas e garanta que os dados estejam sempre acessíveis, o que significa que temos mais tempo para nos concentrar em um trabalho mais estratégico."
Ygor Moretti, Cloud Solutions Manager, TAG
Por exemplo, a equipe usa o Atlas Performance Advisor para monitorar automaticamente as consultas consideradas lentas e sugere índices específicos para melhorar o desempenho dessas consultas. "O painel é realmente útil para melhorar a performance. Ele sugere automaticamente como podemos otimizar o ambiente com base em quais recursos são utilizados em demasia ou não suficientemente", referiu Ferreira. "Também é muito fácil realizar backups e restaurações point-in-time."
Trabalhar com infraestrutura como código significa que a equipe tem agilidade para criar e implantar bancos de dados na nuvem em segundos, enquanto a API de consulta unificada da plataforma simplifica a automação de processos, a execução de análises em tempo real e a criação de diversos serviços de aplicativos na mesma arquitetura de dados.
A MongoDB também suporta transações ACID, essenciais para transações financeiras, a funcionalidade ACID garante que, se uma operação for interrompida por qualquer motivo, os valores não são parcialmente alterados ou perdidos. Isso permite consistência total dos dados em qualquer momento, evitando trabalhosas e complexas rotinas de investigação e correção manual.
Além disso, a TAG usa Atlas Online Archive para otimizar seu armazenamento de dados por meio de tierização de dados automática, movendo dados automaticamente de determinadas coleções do cluster quente para um object storage a frio totalmente gerenciado, garantindo que o ambiente transacional mantenha-se enxuto, econômico e performático.
O Atlas facilita para a TAG gerenciar cargas em picos, desbloqueando a visibilidade do desempenho por meio de ferramentas integradas de monitoramento de recursos. Ao rastrear as tendências de uso, a equipe pode prever períodos de tráfego intenso e, em seguida, utilizar Atlas Triggers para aumentar e diminuir, garantindo que a infraestrutura esteja totalmente alinhada com os padrões de uso. O Atlas triggers é uma engine de triggers e functions serverless embarcada no Atlas.
"Esse nível de percepção é vital para otimizar custos. Nós utilizamos Triggers para gerenciar precisamente e dinamicamente o uso de recursos do MongoDB Atlas", explicou Ferreira.
Além disso, o MongoDB ajuda a TAG a lidar com uma taxa de gravação massiva e armazenar grandes volumes de dados transacionais com sua capacidade de escalar horizontalmente chamada de sharding .
"Atendemos a um grande volume de solicitações e não conseguiríamos atender a essas operações se não pudéssemos paralelizar nossas cargas de trabalho", afirmou Ferreira. "Isso nos ajuda a adicionar mais disponibilidade e distribuir as cargas de dados. Normalmente, em um banco de dados relacional, não é tão fácil ou prático fazer isso, mas o uso do MongoDB nos permitiu agregar muito valor e manter o custo de implementação razoável, sem perder o recurso transacional."
A TAG entrou em produção em Junho de 2021 e imediatamente começou a processar 20% das contas a receber com cartão de crédito do Brasil. Essa era uma nova oferta para o mercado e funcionava como parte de um ecossistema com as outras duas Registradoras autorizadas pelo Banco Central até então.
"O MongoDB nos permitiu lançar uma plataforma que atendeu aos requisitos de desempenho e segurança do Banco Central do Brasil dentro de um prazo crítico", diz Ferreira. "As expectativas do projeto eram altas - caso o ecossistema formado pelos recebíveis de cartão de crédito não estivesse apto a operar na data de lançamento, o mercado poderia ter sofrido um impacto maior", acrescentou Ferreira.
"O MongoDB nos permitiu lançar uma plataforma que atendeu aos requisitos de desempenho e segurança do Banco Central do Brasil dentro de um prazo crítico", diz Ferreira. "As expectativas do projeto eram altas - caso o ecossistema formado pelos recebíveis de cartão de crédito não estivesse apto a operar na data de lançamento, o mercado poderia ter sofrido um impacto maior."
Felippe Ferreira, Head de Infraestrutura, TAG
Moretti destacou a forte parceria entre MongoDB e TAG, que ele valoriza por ajudar a manter o ritmo ao longo do projeto e identificar formas mais inteligentes de trabalhar com sua pequena equipe. "A equipe MongoDB nos mostrou como reduzir custos, criando eficiências com a funcionalidade integrada da plataforma e, sempre que enfrentamos um desafio, eles estavam lá para nos apoiar", acrescentou.
Com a continuação da otimização da plataforma TAG, os grandes beneficiados são os empreendedores e empresas de todo o Brasil, que têm acesso rápido a empréstimos acessíveis que podem usar para investir em crescimento, contratação de mais funcionários ou desenvolvimento de novos produtos.
Felippe Ferreira, Head de Infraestrutura, TAG